
Nos últimos tempos, ganharam força rumores sobre a suposta “morte” do ESG (Environmental, Social and Governance). Muitas especulações surgiram, sobretudo, após a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, quando o governo federal anunciou uma série de medidas que enfraqueceram regulações ambientais — como a saída do país do Acordo de Paris, cortes orçamentários em órgãos de proteção (como a EPA, Agência de proteção ambiental) e flexibilizações na fiscalização de emissões poluentes. Tais decisões provocaram debates acalorados no Brasil e no mundo a respeito da possibilidade de que, diante desse cenário, o ESG estivesse com os dias contados.
Entretanto, o que se observa na prática é exatamente o contrário: empresas, investidores e a sociedade civil passam a reconhecer, cada vez mais, a importância de adotar práticas sustentáveis e socialmente justas. Mesmo com eventuais retrocessos em políticas públicas, o movimento global em direção ao ESG vem se fortalecendo, sustentado por diversos fatores:
- Pressão dos Investidores e do Mercado
Grandes fundos de investimento, como gestoras de recursos e fundos de pensão, intensificaram o foco em critérios ESG ao avaliar empresas, uma vez que esses aspectos podem afetar tanto a reputação como a lucratividade a longo prazo. Assim, mesmo em contextos políticos menos favoráveis, organizações que buscam financiamento ou valorização de mercado se veem pressionadas a manter ou aprimorar sua transparência e responsabilidade socioambiental. - Nova Perspectiva sobre Ambiente de Trabalho: o Impacto do Home Office
A adoção do home office — que se acelerou em decorrência da pandemia de COVID-19 — trouxe uma série de reflexões sobre sustentabilidade corporativa. Empresas perceberam que permitir o trabalho remoto pode reduzir custos, diminuir emissões de carbono (principalmente pelo menor deslocamento diário de funcionários) e melhorar a qualidade de vida dos colaboradores. Em paralelo, abriu-se espaço para que mais pessoas repensem sua relação com o trabalho e busquem empregadores alinhados a valores de responsabilidade social e ambiental. - Valorização da Reputação e Foco em Direitos Sociais
Cada vez mais, consumidores esperam que as marcas demonstrem comprometimento com diversidade, inclusão, respeito aos direitos humanos e às comunidades. Mesmo com governos que priorizem o crescimento econômico sem ênfase na sustentabilidade, as empresas que seguem princípios ESG tendem a fortalecer sua reputação e fidelizar clientes. Com as redes sociais, qualquer deslize ou retrocesso nessa área pode rapidamente se tornar uma crise de imagem. - Legislação e Movimentos Internacionais
Embora as ações do governo Trump tenham sinalizado um retrocesso no campo ambiental, diversos estados norte-americanos e grandes cidades adotaram políticas pró-sustentabilidade, mantendo ou até ampliando metas de redução de emissões e programas de energia limpa. Além disso, muitos países seguiram firmes em compromissos globais, como o próprio Acordo de Paris, reforçando as metas de neutralização de carbono. Assim, a tendência internacional aponta para a consolidação das práticas ESG como padrão de mercado. - Benefícios Concretos para os Negócios
Longe de ser mero discurso, o ESG tem se mostrado eficaz na geração de valor e redução de riscos para as empresas. Critérios de governança robustos, por exemplo, podem evitar fraudes e perdas financeiras; práticas ambientais adequadas diminuem a exposição a riscos regulatórios e de reputação; enquanto iniciativas sociais, como programas de diversidade e inclusão, podem atrair melhores talentos, impulsionar a inovação e melhorar a satisfação interna. - Compromisso de Grandes Corporações
Diversas organizações globais — como Microsoft, Unilever e Natura, entre outras — reforçam suas metas de neutralidade de carbono, redução de resíduos e inclusão social, estabelecendo um novo padrão de exigência para todo o mercado. A adoção generalizada dessas práticas demonstra que, independente de ciclos políticos, o ESG permanece como uma estratégia empresarial de longo prazo.
Embora existam forças que tentem desacreditar ou minimizar a relevância do ESG, a realidade mostra que ele está mais vivo do que nunca. A saída temporária do Acordo de Paris por parte dos Estados Unidos ou os cortes em órgãos de proteção ambiental durante o governo Trump não foram suficientes para frear o amadurecimento do mercado e das legislações internacionais. Ao contrário: a pressão por transparência e responsabilidade corporativa só aumentou, estimulada pela atuação de investidores, consumidores e uma sociedade civil cada vez mais consciente.
O ESG não é uma moda passageira, mas um pilar estratégico para organizações que desejam ter sucesso em um mundo em constante transformação. As empresas que investem em governança sólida, ações socioambientais efetivas e práticas de trabalho inovadoras, como o home office, colhem benefícios reais: maior reputação, fidelização de clientes, engajamento de colaboradores e maior resiliência frente aos desafios econômicos e climáticos. Definitivamente, não há indícios de que o ESG esteja com os dias contados — ao contrário, a tendência é que ele siga crescendo e se fortalecendo, independentemente de flutuações políticas pontuais.