
No meu último texto falei sobre como a inteligência artificial está transformando o futuro do trabalho em sustentabilidade, abrindo novas possibilidades para quem atua na área. Essa transformação não se limita apenas ao ambiente interno das empresas. Ela se expande por toda a cadeia de valor, onde cresce a exigência para que organizações conheçam a fundo a origem de seus produtos e garantam responsabilidade em cada etapa da cadeia de suprimentos.
Mapear fornecedores e identificar riscos socioambientais sempre foi um dos maiores desafios para quem trabalha com sustentabilidade. Durante muito tempo, o processo dependia de informações autodeclaradas, auditorias pontuais e análises manuais que, muitas vezes, não davam conta da complexidade real. Hoje, tecnologias como blockchain, inteligência artificial e sensores inteligentes estão mudando essa realidade de forma profunda.
O blockchain tem permitido que cada etapa da cadeia seja registrada de maneira segura e transparente, criando um histórico confiável sobre a origem de matérias-primas, condições de produção e transporte. Com essa tecnologia, as informações deixam de ser fragmentadas e passam a estar disponíveis de forma integrada, o que facilita a comprovação de boas práticas e fortalece a confiança junto a clientes e investidores.
A inteligência artificial, por sua vez, amplia ainda mais essa capacidade. Ao analisar grandes volumes de dados sobre fornecedores, redes de produção e variáveis socioambientais, a IA consegue identificar padrões de risco que dificilmente seriam percebidos em processos tradicionais. Problemas como violações trabalhistas, emissões excessivas de carbono ou práticas de desmatamento podem ser antecipados, permitindo que as empresas atuem de forma proativa e estratégica.
Sensores inteligentes conectados via redes IoT complementam essa transformação ao possibilitar o monitoramento contínuo de indicadores ambientais e operacionais. Dados como temperatura, umidade, emissão de poluentes e localização dos produtos podem ser acompanhados em tempo real, garantindo não apenas a qualidade, mas também a integridade socioambiental dos processos.
Essas tecnologias, que até pouco tempo pareciam distantes da prática diária, já estão se integrando às rotinas de quem trabalha com sustentabilidade. E, assim como comentei no post anterior, a tendência é que essa transformação se acelere ainda mais nos próximos três a cinco anos, tornando a tecnologia uma aliada fundamental na construção de cadeias mais éticas, resilientes e transparentes.
Para os profissionais de sustentabilidade, entender e incorporar essas ferramentas será essencial não apenas para atender às novas exigências do mercado, mas para atuar de forma ainda mais estratégica na transformação dos negócios e na construção de um futuro regenerativo.