Prepare-se para a nova era da transparência: IFRS S1 e S2, o que muda e como se adaptar

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Açucena Tiosso
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A preocupação com a transparência de informações relacionadas a práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) tem levado a uma convergência global em torno de normas mais robustas e comparáveis. O International Sustainability Standards Board (ISSB), ligado à Fundação IFRS, lançou duas normas fundamentais:

  • IFRS S1 (General Requirements for Disclosure of Sustainability-related Financial Information)
  • IFRS S2 (Climate-related Disclosures)

Essas normas buscam padronizar a forma como empresas divulgam informações de sustentabilidade e clima, permitindo aos investidores e demais stakeholders avaliarem melhor os riscos e oportunidades relacionados ao desempenho socioambiental das organizações.

Quando entram em vigor

Cenário Global
As normas IFRS S1 e S2 entram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2024, para períodos anuais que comecem nessa data ou posteriormente. Nesse estágio, a adoção é voluntária em muitos países, mas há a expectativa de que reguladores e bolsas de valores ao redor do mundo passem a exigir ou incentivar o cumprimento desses padrões.

No Brasil: Resolução CVM 193
Com a publicação da Resolução CVM 193, o Brasil se tornou o primeiro país a adotar oficialmente os padrões internacionais do ISSB. A norma estabelece que:

  • A partir de 2026, companhias abertas, fundos de investimento e empresas securitizadoras devem divulgar o relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade de acordo com as IFRS S1 e S2.
  • A partir de 2027, essas entidades deverão obter asseguração razoável por auditor independente sobre o relatório, reforçando a confiabilidade e a transparência das informações divulgadas.

Essa movimentação torna o Brasil uma referência na adoção das normas IFRS de sustentabilidade, exigindo das organizações uma preparação estruturada para reportar informações ambientais, sociais e de governança com foco na relevância financeira e na comparabilidade global.

O que as empresas devem fazer para se adaptar

Mapear e consolidar dados relevantes

  • Identificar informações já reportadas em outras estruturas de sustentabilidade (GRI, SASB, TCFD etc.).
  • Centralizar dados relacionados a riscos e oportunidades climáticas, bem como a demais temas ESG de impacto financeiro.

Estruturar uma equipe multidisciplinar

  • Envolver profissionais de sustentabilidade, financeiro, jurídico e áreas operacionais para garantir a confiabilidade das informações.
  • Definir responsabilidades claras para a coleta e a validação de dados, além de criar rotinas de governança para aprovação dos relatórios.

Rever processos e políticas internas

  • Avaliar políticas já existentes de gestão de riscos e conformidade, ajustando-as para contemplar os novos requisitos de divulgação.
  • Implementar métricas quantitativas e qualitativas que apoiem os dados requeridos pelas normas IFRS S1 e S2.

Alinhar a estratégia de negócios à agenda ESG

  • As normas IFRS S1 e S2 enfatizam a relevância financeira de questões de sustentabilidade. Logo, é essencial que a estratégia da empresa reflita o entendimento de como aspectos ESG podem afetar resultados, valor de mercado e continuidade do negócio.

Capacitar a liderança e os times

  • Promover treinamentos para os conselhos de administração, lideranças executivas e equipes-chave, para que compreendam a importância e as exigências do novo padrão de divulgação.
  • Fomentar uma cultura de transparência e melhoria contínua em relação a riscos e oportunidades socioambientais.

A implementação das normas IFRS S1 e S2 representa um passo importante para consolidar e padronizar relatórios ESG de grande relevância financeira. Embora ainda não sejam obrigatórias em diversos mercados, a tendência é de adoção crescente, o que torna fundamental que as empresas comecem a se adaptar o quanto antes.

A boa notícia é que grande parte do conteúdo exigido pode ser aproveitado de relatórios e práticas já estabelecidas com base em outros referenciais, como a GRI. A diferença está em concentrar esforços na geração de dados confiáveis e na narrativa financeira que demonstre a real influência dos fatores ESG sobre a saúde e a longevidade do negócio.

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